segunda-feira, 7 de março de 2011

Paixão Proibida

Pintura "Nômades Amantes do Tempo" por Bruno Steinbach Silva
Texto publicado em Provoca-me

Ainda me lembro de todos os pormenores. Do som das tuas palavras ao meu ouvido, das cores do quarto de hotel, do cheiro da tua pele, e de todo aquele calor que sentimos. E o teu corpo majestoso, os teus olhos brilhantes, o teu sorriso sedoso, as tuas mãos que tão bem embalavam o meu corpo naquela noite... Ainda consigo sentir o pecado que viveu em mim. A quantidade de adrenalina que se esvaziou para as minhas veias foi tal, que ainda hoje me alimenta o desejo, e com toda a certeza residirá em circulação para sempre. O coração batia cada vez mais acelerado, mas o cérebro negava todos os impulsos. Queria ficar, o desejo sedento de te envolver, de te conhecer e de me entregar como nunca me tinha entregado a alguém. A força das hormonas conseguiu vencer o meu consciente pecador. A tua sedução venceu. Entreguei-me, não sabia como, mas estava ali. Foi ali num clima nunca antes sentido, num ambiente totalmente desinibido e de excitação, que nos entregamos um ao outro.
Lembro-me de a minha razão ter perguntado ao coração se valeria a pena, se tal pecado seria alguma vez perdoado. Perdoei-me mas não foi de imediato. Só muito depois de te ter tido em mim é que realmente equacionei os sentimentos. Perdoei-me porque de uma maneira ou de outra, e apesar de todos os devaneios que habitavam naquele quarto, tudo foi sentido, houve paixão.
Fecho os olhos e revejo aquela noite. Os teus braços abraçavam-me como que a pedir de alguma forma autorização para me teres. E o momento em que tocas nos meus lábios senti que te tinha concedido o desejo. Avançaste com as tuas mãos grandes e aveludadas, e agarraste-me com vigor. Despi-me logo após de te ver despir em escassos segundos. Ambos queríamos aproveitar todos aqueles momentos a medo que o tempo acabasse ou que eu me arrepende-se. E não, não me arrependi, segui em frente. Tocava-te loucamente, abraçava-te tão forte, queria que me sentisses só tua. O calor habitou em nossos corpos, e o meu pecado capital naquela noite viveu em ti.
Reviveria tudo outra vez. Sentiria novamente os teus beijos, o teu calor, o teu desejo... Cairia na tua cama, ter-te-ia novamente em mim, só para encher uma vez mais o coração daquilo que ainda sinto por ti. Arrepia-me a ideia de um dia poder voltar a sentir o teu toque. É tudo passado, é tudo lembrança, e hoje tudo reinventado seria apenas uma quimera. Aqueles minutos já passados, já queimados, de ouro pecaminoso não voltam mais. Agora só o sonho traz ao coração aquela paixão proibida.

9 comentários:

carpe vitam! disse...

é curioso ver o mesmo conteúdo publicado em espaços diferentes. espero que tenhas gostado de colaborar connosco e do feed back dos frequentadores lá do tasco.
quando quiseres, já sabes...

http://provocame.blogspot.com/2010/02/provocadoras-colaboracoes.html

bj

shark disse...

Não existem paixões proibidas.

TaViTa disse...

Para o coração pode não haver qualquer proibição, mas para a alma há sempre alguma paixão proibida!

shark disse...

A alma é livre, não gosta de empecilhos, e jamais proibiria algo de bom.
E a paixão é sempre algo de bom, não concordas?

TaViTa disse...

Dito dessa forma: ["a paixão é sempre algo de bom"] Concordo!

carpe vitam! disse...

concordo com o shark, o problema muitas vezes está em pensar que tem de haver correspondência para se poder viver a paixão e no modo como se decide lidar com ela.

shark disse...

A correspondência é excelente, claro, mas uma paixão não é domesticável e pode crescer desmesuradamente sem ligar pevas ao retorno.
E é boa na mesma, pois está em causa a paixão na óptica de quem a vive e não a de quem é alvo da mesma.
Isto agora soou-me confuso, mas eu acho que vocês apanham bem a ideia.
:)

carpe vitam! disse...

sim, sim, apanha-se bem, é isso mesmo!

http://provocame.blogspot.com/2010/11/das-paixoes-e-suas-gestoes-parte-1.html

Flor de Lótus disse...

Muito bom*