quarta-feira, 30 de maio de 2012

Outra Vida


À muito que deixei de sentir, de reflectir, e de existir. Regressei ao mundo de onde vim, voltei ao mundo em que todos existem. Percebi que tinha que regressar. E regressei por mim mesmo. Precisei de voltar para ser quem sou, para existir como sempre existi. A necessidade de voltar a ser eu levou-me a uma decisão própria, uma decisão livre e conscienciosa. Precisei de me ver e não me reconhecer para verificar que tinha que voltar. Voltei para mim e para o meu mundo, o mundo de todos nós. Aqui habitam todos os que querem ser próprios e únicos, aqui vive-se livremente na construção de uma vida própria. Ninguém influencia ideais, sentimentos, pensamentos ou reflexões. Mas todos em uníssono constroem um mundo individual que se unifica num único mundo, em que todos vivem consensualmente. Sistematicamente viajo ao mundo onde vivi e observo os erros que todos cometem; os mesmos que eu também cometi, e que, de certo modo, venho a este mundo saldar. Nessas viagens verifico a falta de vontade das pessoas em serem únicas e verdadeiras na construção das suas próprias vidas, só porque não querem deixar de viver em conformidade com a sociedade.
A verdadeira vida está neste mundo, onde cada um constrói a vida assente apenas em sentimentos e afectos. Aqui não habita o ter, apenas reside o ser. Ninguém vive para impressionar, especular ou insultar; vive-se para sermos únicos em conjunto. E em conjunto somos o todo em que a sociedade do outro mundo acredita existir neste.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sempre que penso em mim idealizo tão pouco, mas acabo sempre por imaginar para além das expectativas. É tão bom sonhar connosco próprios! Sinto-me fascinada quando imagino ou idealizo a minha vida, mas a verdade é que quando penso em mim centro-me essencialmente nos outros. Sinto necessidade de me focar nos outros, como que tivesse a necessidade de viver por alguém além de mim. Deveríamos apenas focar-nos em nós próprios? Possivelmente deveríamos... A verdade é que eu não o faço! Arrependo-me? Nem sei bem se sim ou se não. O facto é que me arrependo tantas vezes, mas nessas mesmas tantas vezes acabo sempre por me perdoar, acabo por não me arrepender. Vivo para os outros e é daí que tiro o prazer de viver. Estas poucas coisas que idealizo e as outras tantas que imagino para a minha vida levam-me a confundir arrependimento com expectativa. A verdade é que a minha vida depende de mim mesma, e por causa disso mesmo, eu acabo sempre por oferecer-me demais aos outros, como que a minha vida dependesse daquilo que sou para os outros. Mas sejamos realistas... Com toda esta maneira de ser corro muitos riscos. A sociedade já não usa estas ideologias nem se rege em função dos outros. E a verdade é que poucos são como eu; já não se vive inteiramente para quem quer que seja. Cada um oferece o que quer de si aos outros. Agir conforme o estereótipo da sociedade actual faz-me desvanecer o desejo que imagino ou idealizo, mas é também com este tipo de pensamento social que aprendo a viver verdadeiramente para mim, desvinculando-me pouco a pouco dos outros. Começo a aprender a oferecer de mim apenas o racional, o que quero e tenho de mim, de uma forma comedida. A vida ensina-nos, mas apesar de tudo tenho a certeza que é oferecendo-nos aos outros que teremos alguém a oferecer-se de volta na nossa vida. A realidade é pobre neste tipo de reciprocidade. Já ninguém se oferece por inteiro ao próximo. Todos vivem egocentricamente, primeiro esperam receber para saber o que oferecer aos outros. A surpresa acontece quando alguém faz o processo contrário, o processo que idealizo e imagino... É claro que ao viver desta forma arrisco-me a não receber a retribuição que tenho em expectativa, mas viver é assim mesmo... Vive-se sempre com a ideia que somos demais para os outros e que os outros poderiam ser um pouco mais para nós. E é só vivendo e oferecendo o que acharmos que devemos oferecer ao próximo que verificamos quem de facto vive por nós. Ainda vivi pouco, mas garantidamente existem muitíssimas poucas pessoas que o farão por mim; a verdade é que durante a vida as maioria das pessoas desapontam-nos muito mais vezes que desejaríamos (do mesmo modo que possivelmente desapontamos os outros muitas vezes), mas como dizia atrás, viver tem destes riscos! O meu escasso tempo de vida já me ensinou que tenho de sentir algo nobre e verdadeiro para saber que terei alguém por inteiro para mim, pois serão essas as pessoas que me farão viver inteiramente por elas. Vou continuar a viver até sentir esses sentimentos reais, nobres e verdadeiros; até lá, viverei essencialmente para mim, como a maioria da sociedade, oferecendo-me convenientemente. Só a viver pensando em mim é que descobrirei quem viverá por mim.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Partilhar

Partilhar é amar.
Amar é sofrer.
Sofrer é compreender.
Compreender é respeitar.
Respeitar é valorizar.
Valorizar é suportar.
Suportar é sorrir.
Sorrir é perdoar.
Perdoar é amar.
Amar é viver.
Viver é partilhar!