sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tenho medo
de ficar sozinha.
Tenho medo
de chorar,
de abraçar.
Tenho medo
da solidão.
Tenho medo
de mim.
Apenas
por não conseguir
pensar em mim!
Sou tão diferente
do mundo,
da natureza!
Sou eu!
Eu e o meu medo.

Poema rebuscado do velho caderninho - 10/Jan/2001

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Amor de sempre e para sempre!

Naquele dia acordava para a revelação que havia sonhado durante anos. Acordei calma e serena, até porque me apetecia continuar a dormir, sabia que inconscientemente habitavas os meus sonhos. Mas a partir daquele dia sabia que deixaria de precisar dos meus sonhos para te ter. Aquele dia tinha sido predestinado a ti. Estava prestes a encontrar-te, a conhecer-te, a abraçar-te e a beijar-te. Sonhava contigo todas as noites e tinha de ser naquele dia, naquele lugar e naquela hora. Ansiava ter-te para mim, em mim, e para sempre. Lembro-me que enquanto me preparava mal conseguir pensar, raciocinar, ou imaginar. Acordava naquele dia para ter a certeza de que o meu sonho se revelaria. Nem sei como respirava, mas tenho noção de sentir o meu peito com o dobro do tamanho a cada inspiração, bem como um alívio imenso a cada expiração. A ansiedade controlava a minha respiração. Desejava que conseguisse efectuar o maior número de tarefas no menor tempo possível, e que o tempo diminuísse a quadruplicar para que o tempo voasse até ti. Saí de casa a correr, sempre a imaginar como me imaginarias. Perguntava-me se estava bem, se estava o suficientemente bonita para ti, questionava-me no que irias dizer ou fazer. Ensaiava todas as cenas possíveis dentro de uma peça à muito desejada. Cheguei ao banco de jardim em primeiro lugar, tinha de ser eu a ver-te chegar. Toda a minha vida detestara ser observada na chegada de qualquer encontro que fosse. Tinha de ser eu a registar o momento, a observar a tua chegada, avaliar o teu caminhar, focar o teu olhar, sentir o cheiro do tempo a trazer-te a mim. Imaginava-me parar no tempo quando te avistasse; queria fotografar mentalmente aquele momento para sempre. Queria ter uma recordação pormenorizada da revelação de um sonho tornado realidade.
Ao ver-te chegar sorri como que de alívio. Num impulso aprecei os meus passos na tua direcção, e numa espécie de segundo estava junto a ti, mas ainda longe do teu abraço. Nem estava propriamente a calcular um abraço naquele momento, mas ao focar o teu olhar senti uma espécie de ordem para executar esse tão desejado movimento. E eu não resisti ao impulso depois dos 2 milésimos de segundos que me levaram a entender aquele olhar. Quando encostei a minha cabeça sobre o teu ombro soube que me amavas como antes, mas tinha noção de que ainda não te conhecia. Naquele momento tinha conhecido um novo amor, uma espécie de amor guardado durante toda uma humanidade para aquele momento. Tinha eu começado a respirar mais ordenadamente, re-estabelecendo a pouco e pouco os movimentos respiratórios quando comecei a sentir o teu coração. Ele ameaçava querer saltar cá para fora. E foi através do batimento descompassado do teu coração que senti a tua felicidade. Se me perguntasses quanto tempo analisei o teu ritmo cardíaco eu não saberia equalizar, pois estive todo aquele tempo a conhecer-te e fui deixando o tempo urgir, esperei até me quereres olhar nos olhos. E durante aquele tempo que nunca saberei precisar lembra-me de não derramar lágrima alguma na ânsia de te transmitir confiança. Sei que sentiste o nervosismo que me é característico na mesma. Mas a determinado momento, estava eu embalada no teu abraço a relembrar sonhos, memórias, e lembranças, eis que ouço a tua vós, nesse momento sinto-te a agarrar na minha cabeça deixando-a em frente dos teus lábios.
- O teu sorriso é como sempre foi: único. Quero conhecer-te definitivamente!
Aquelas palavras tinham sido qualquer coisa inacreditável. Eu não tinha planeado iniciar um diálogo por tal situação ou qualquer uma outra semelhante. Naquele momento sentia-me nua nas palavras e nos pensamentos. Já não cabia de felicidade e parecendo uma adolescente ingénua prestes a ser desvirginada apenas proferi uma banal interrogação:
- A sério? – Quando acabei de proferir aquela frase, caí em mim e nem tinha acreditado ter sido pronunciada pela minha boca. Mas também não me importei muito, afinal ainda lembravas o meu sorriso e estavas ali para conhecer-me.
Sorri novamente e reparei que sorrias de volta. Naquele momento perguntava-me quantas vezes tinha visto um sorriso sincero e apaixonado. E no instante em que estava a registar todo aquele momento em mim fui surpreendida com o teu beijo. Senti o meu sonho revelar-se, estava o mais apaixonada possível naquele momento. Senti-me realizada, de um modo tão extraordinário, que tudo o que sucedeu depois daquele encontro transcendeu o inimaginável. Algo único, que hoje apenas eu poderei partilhar...
Relembro esta revelação todos os dias, e com isso sei que sou uma mulher com um sonho realizado… Relembro um amor que já partiu, mas que ficará para sempre!