segunda-feira, 26 de maio de 2014

3ª jornada do 22º Campeonato de Escrita Criativa

Apostei tanta vez neste jogo que é amar... No primeiro amor, foram infinitas apostas, lutei bastante por amor, lutava por ser único e para sempre, mas no entanto saí derrotada pela intransigência! Tentei jogar de seguida com apostas às cegas e platónicas, mas saí derrotada pela ingenuidade logo à primeira tentativa. Sem querer saber mais de amar, jogar ou de quaisquer intransigências ou ingenuidades comecei a desistir de lutar. Quis desistir de mim, quis mudar a minha pessoa, quis desistir de jogar todos os jogos do amor, para prosseguir um jogo muito estereotipado na sociedade: jogar para sobreviver. Começava a achar que amar era um jogo apenas dos livros, dos filmes ou dos teatros. Até que me perguntei: “Quantas derrotas exige uma vitória?” Não sei, mas não posso desistir de ser eu e desistir de jogar para amar! Não quis embrenhar-me pelas lutas da sobrevivência social moderna; quis repensar em todas as formas que me levaram à derrota e prosseguir como o vento; deixei a então a vida trazer-me a coragem e a força para lutar pela derradeira vitória, pelo verdadeiro amor. Devemos lutar sempre por amor, mas não devemos ignorar que ele aparece sempre quando não esperamos, da maneira que não idealizamos e fica para sempre da forma como nunca imaginamos. Só vence quem sempre lutou, derrota após derrota, se levanta e insiste em refazer a vida e voltar a lutar. Mudei as armas, mudei as tácticas, mudei as perspectivas. Ataque e defesa são técnicas que no jogo do amor são ambivalentes. Nem sempre nos devemos preocupar em jogar ao ataque e insistir na luta pela procura do amor, pois desses sucessivos ataques surgem derrotas que nos levam a um amor ilusório; mas também não nos devemos restringir só à defesa permissiva da derrota, pois o significado de ter perdido uma vez não nos inibe que na próxima luta não alcancemos a vitória e ganhemos o amor da nossa vida. Pois quando menos esperamos o ataque surge em momento de defesa e podemos sem querer correr para um contra-ataque em que alcançamos a maior vitória da nossa vida! Amar e ser amado da forma como somos, respeitando e sendo respeitado, valorizando e sendo valorizado. E neste jogo de amor, eu acredito que alcancei a vitória. Não sei quantas vezes fui derrotada, mas quando menos esperei, aproveitei a oportunidade, não desisti, contra-ataquei para lutar uma última vez e venci.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

2ª jornada do 22º Campeonato de Escrita Criativa

Rasgou o papel e tomou a decisão.
“Já não quero mais! Quero-te a ti, e a nós. Não quero desistir do que construímos juntos, do que sonhámos juntos, e de tudo o que planeámos juntos. Não somos só tu e eu. Somos nós. Não vai haver mais alguém, mais nada, ou o quer que seja entre nós. Quero que renasça o amor, a união, o entendimento, a compaixão, o carinho, a solidariedade, a entrega, a confiança, e tudo o que necessitamos para nos mantermos fiéis um ao outro e a nós mesmos. Quero provar que mereço mais uma oportunidade, a derradeira oportunidade de nunca mais acabar. O que começámos não pode acabar. Custou muito lutar, acalmar, construir, planear, sonhar em sermos quem somos: um do outro. Não quero acabar desta forma. Não! Se te prometi que era para sempre, será para sempre. Também me levantarei e mudarei por ti; e também te ajudarei a te levantares e a mudares, se assim estás disposto por mim. Vamos lutar juntos, como sempre lutamos; não tens que ser só tu a lutar por mim. Vamos acalmar juntos, como sempre nos acalmamos um ao outro em todos os nossos dias de euforia e constrangimento. Vamos reconstruir juntos o que sem querer destruímos depois de tanta construção. Vamos voltar a planear juntos, deixarmos de nos preocuparmos apenas connosco próprios. Vamos voltar a sonhar juntos e a acreditar que nunca deixamos nem vamos deixar de ser um do outro! Eu sei que errei, que prevariquei, que te deixei sozinha, que me importei mais comigo do que connosco, e que em certas alturas até me esqueci de ti. Sei que tens razão em muitos dos defeitos quem em mim apontas, pois em ti vejo o reflexo do meu egocentrismo. Quero evoluir por quem por mim evolui. Quero melhorar por quem por mim melhora. Quero lutar por quem por mim todos os dias luta. A vida está cheia de artimanhas para separar o que a própria vida uniu. E eu não quero errar em me ver longe de quem me ama só porque decidi mal. O que eu decidir no momento errado pode levar-me para longe do que eu realmente quero e desejo. Não quero que um impulso me leve para longe de quem amo. Pois afinal de contas, foste, és e sempre serás a mulher da minha vida!”
E depois disto: viveram felizes para sempre.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

1ª jornada do 22º Campeonato de Escrita Criativa

Um homem está, ao volante, parado diante de um semáforo vermelho. E num segundo sem que ninguém previsse um camião sem travões galga por trás do seu carro...

- O que se está a passar? Que acidente terrível estou eu aqui a ver agora à minha frente! Mas eu estava à um bocado a pensar no que ia fazer agora que saí do trabalho, ainda não me tinha decidido… Que estou eu aqui a fazer na rua a ver este acidente aparatoso?! Tenho que voltar para o carro… Mas eu estava dentro daquele carro! Aquele carro é o meu carro! Aquele camião esmagou o meu carro! Eu estava naquele carro! Não, não estou, estou aqui! Estou aqui a ver o acidente do meu carro? Porque estou aqui se eu estava ao volante do meu carro a pensar no que ia fazer quando chegasse a casa depois do trabalho? Porque todos os dias quando saio do trabalho penso sempre no que vou eu fazer a seguir? Porque tenho de passar a minha vida a pensar e decidir o que fazer depois do trabalho? Estou a sentir saudades dos meus amigos! E da minha família! Eu nunca passo tempo com os meus amigos… Nem com a minha família! Sou tão intransigente com eles; passo os dias a trabalhar, a pensar e a decidir o que fazer quando chego a casa! Espera… Eu estou no meu carro! Eu estou a ver o meu acidente de carro? Eu estou aqui?! Ou eu estou ali?! O que me está a acontecer? Que sentimentos me estão a chegar agora? O que estou eu a pensar agora? Quero ir para casa e quero trabalhar! Onde trabalho eu? Onde vivo eu? Eu já não estou aqui? O que me aconteceu? Quem sou eu? Quem fui eu?! Queria tanto ter sido feliz… Não pode ter acabado agora… Eu estava a viver um dia normal da minha vida! Queria ter provado à minha mulher que a amo efectivamente, queria ter dito “Obrigado” aos meus pais, queria ter convivido mais com os meus amigos, queria ter tido mais tempo para pensar nos outros, e não tanto em mim! Vivi mais tempo a trabalhar e a pensar na minha vida que me esqueci de vivê-la realmente! Agora estou aqui perante o fim da minha vida, perante a vida que não vivi!