quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O passeio da vida... # IV

Não sei se é da minha cultura geral, ou da minha falta de paciência por incongruências estúpidas, no sentido crítico, ao estilo de vida da sociedade actual. É normal nos dias de hoje a vida do próximo ter mais interesse que a própria vida? Será normal uma simples vida ser passível de ter que ser analisada, revirada do avesso, estupidificada, rotulada, inventada e projectada pelo alheio? Teremos nós, sendo conhecidos ou desconhecidos, que viver para os retratos de paparazzos infames que teimam re-inventar tudo o que vêm? Somos contemporâneos, ou pelo menos dizemos ser. A ditadura já lá vai. Somos livres de viver! A ideologia é um acto livre! No mundo ainda se travam guerras para se ser assim! Vivemos de barriga cheia a dizer que somos livres, que nos respeitamos, e que somos modernos... Mas aquele cerne mesquinho de olhar para o lado, de mexericar, e de criticar obsessivamente persiste, como se a liberdade nos trouxesse a perfeição ao ponto de termos o direito de assim sermos. Já não temos que respirar para o que os outros querem ou pensam. A liberdade trouxe direitos, mas também nos trouxe deveres. Há que ter direito a uma voz crítica sim, mas também o dever a não a tomar abusivamente desrespeitando os outros. Sou só eu que acho, ou o povo Português gosta de viver da vida dos outros, e da velha história do que o antigamente é que era bom? Acho que para um país evoluir as mentalidades deveriam ser as primeiras a evoluir, ou não? Dever-se-ia acabar com este estigma que (ainda) vive impregnado numa sociedade que se diz moderna, mas que depende dos outros, e principalmente das histórias da vida dos outros para viverem a sua!