quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Grito...

Por alguns momentos na minha vida apetece-me gritar: BASTA. Morar num mundo sadio e grátis transforma-nos em seres vulgares. Viver sem vontade para lutar e sem registo de felicidade remete-nos para uma desmotivação ideológica. Lutar para se ser único, conseguir, e de repente assassinarem-nos, é deveras um registo de desmoralização. Pretender ser polivalente nas relações interpessoais e não obter qualquer feedback positivo desaponta qualquer sonhador. E o que acontece quando não se tem voz para gritar? Diria que se começa a sentir-se preso à rede que os outros tecem à nossa volta, deixa-se de ter controlo nos nossos ideais, inicia-se uma fusão do correcto com o incorrecto, vive-se em prol dos outros! Mas, … NÃOO! Viver contrariado, sentir uma imensa incompreensão social, saber que te conhecem pelo ângulo contrário ao teu anseio pessoal, … É decepcionante… E é real, mas muitos de nós vivemos na margem do um ser que não é, que não pode ser, que não quer ser, que não deixam ser e que nem sabem quem é. Enfim… Gritar ajudaria na busca existencial de nós mesmos? Provavelmente não, palpitaria mesmo que resolve absolutamente nada. Então que fazer, se gritar apenas não basta? Histerizar, berrar, clamar por audiências de compreensão humana? … Com tudo isto a certa altura é-se visto como incapacitado mental… Tolinhos, doidinhos, parvinhos, tontinhos, são, um pouco, todos os que gritam BASTA! É que tem que se ser minimamente louco para se ser irreverente. E como ser-se esse louco irreverente que luta pela sua felicidade? Seria necessário passar por cima de quem amo? Teria que abandonar alguém? Teria que mentir? Precisaria ir contra os próprios princípios? Ou bastaria viver tal qual a alma entoa? De um modo ou de outro consegue-se! Basta começar por gritar, e por comunicar expressivamente que se é único e que cada um de nós não se rege por leis universais. É certo que se corre o risco de viver assente num mundo de loucura social, mas importaria isso quando sabemos que nem de loucura pessoal se trata? Pois é, … No fim tem que se ser minimamente louco: ser louco para enfrentar as controversidades da vida. Seremos nós capazes de viver como desejaríamos sem se ser o dito louco irreverente? Conseguiríamos nós gritar?

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