Sempre que penso em mim idealizo tão pouco, mas acabo sempre por imaginar para além das expectativas. É tão bom sonhar connosco próprios! Sinto-me fascinada quando imagino ou idealizo a minha vida, mas a verdade é que quando penso em mim centro-me essencialmente nos outros. Sinto necessidade de me focar nos outros, como que tivesse a necessidade de viver por alguém além de mim. Deveríamos apenas focar-nos em nós próprios? Possivelmente deveríamos... A verdade é que eu não o faço! Arrependo-me? Nem sei bem se sim ou se não. O facto é que me arrependo tantas vezes, mas nessas mesmas tantas vezes acabo sempre por me perdoar, acabo por não me arrepender. Vivo para os outros e é daí que tiro o prazer de viver. Estas poucas coisas que idealizo e as outras tantas que imagino para a minha vida levam-me a confundir arrependimento com expectativa. A verdade é que a minha vida depende de mim mesma, e por causa disso mesmo, eu acabo sempre por oferecer-me demais aos outros, como que a minha vida dependesse daquilo que sou para os outros. Mas sejamos realistas... Com toda esta maneira de ser corro muitos riscos. A sociedade já não usa estas ideologias nem se rege em função dos outros. E a verdade é que poucos são como eu; já não se vive inteiramente para quem quer que seja. Cada um oferece o que quer de si aos outros. Agir conforme o estereótipo da sociedade actual faz-me desvanecer o desejo que imagino ou idealizo, mas é também com este tipo de pensamento social que aprendo a viver verdadeiramente para mim, desvinculando-me pouco a pouco dos outros. Começo a aprender a oferecer de mim apenas o racional, o que quero e tenho de mim, de uma forma comedida. A vida ensina-nos, mas apesar de tudo tenho a certeza que é oferecendo-nos aos outros que teremos alguém a oferecer-se de volta na nossa vida. A realidade é pobre neste tipo de reciprocidade. Já ninguém se oferece por inteiro ao próximo. Todos vivem egocentricamente, primeiro esperam receber para saber o que oferecer aos outros. A surpresa acontece quando alguém faz o processo contrário, o processo que idealizo e imagino... É claro que ao viver desta forma arrisco-me a não receber a retribuição que tenho em expectativa, mas viver é assim mesmo... Vive-se sempre com a ideia que somos demais para os outros e que os outros poderiam ser um pouco mais para nós. E é só vivendo e oferecendo o que acharmos que devemos oferecer ao próximo que verificamos quem de facto vive por nós. Ainda vivi pouco, mas garantidamente existem muitíssimas poucas pessoas que o farão por mim; a verdade é que durante a vida as maioria das pessoas desapontam-nos muito mais vezes que desejaríamos (do mesmo modo que possivelmente desapontamos os outros muitas vezes), mas como dizia atrás, viver tem destes riscos! O meu escasso tempo de vida já me ensinou que tenho de sentir algo nobre e verdadeiro para saber que terei alguém por inteiro para mim, pois serão essas as pessoas que me farão viver inteiramente por elas. Vou continuar a viver até sentir esses sentimentos reais, nobres e verdadeiros; até lá, viverei essencialmente para mim, como a maioria da sociedade, oferecendo-me convenientemente. Só a viver pensando em mim é que descobrirei quem viverá por mim.
2 comentários:
Concordo que esta sociedade está cada vez mais egocêntrica, e quando se trata de reciprocidade é um pouco ao jeito de "olho por olho, dente por dente". Mas, muitas vezes precisamos começar por mudar o nosso comportamento e meter em prática um dos princípios da BONDADE, que consiste em "dar ao próximo mais do que ele merece." Partindo deste principio, com o desenrolar dos acontecimentos, também nós acabamos por receber mais. O problema é que poucos têm este principio.
Por outro lado se, por ventura, acharmos que recebemos menos do que devíamos receber, devemos pensar que, talvez, já estejamos recebendo tudo o que o outro pode dar...
;)
Mt bem dito PDelgado! Concordo plenamente com o que foi dito por si!
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