À muito que deixei de sentir, de
reflectir, e de existir. Regressei ao mundo de onde vim, voltei ao mundo em que
todos existem. Percebi que tinha que regressar. E regressei por mim mesmo.
Precisei de voltar para ser quem sou, para existir como sempre existi. A
necessidade de voltar a ser eu levou-me a uma decisão própria, uma decisão
livre e conscienciosa. Precisei de me ver e não me reconhecer para verificar
que tinha que voltar. Voltei para mim e para o meu mundo, o mundo de todos nós.
Aqui habitam todos os que querem ser próprios e únicos, aqui vive-se livremente
na construção de uma vida própria. Ninguém influencia ideais, sentimentos,
pensamentos ou reflexões. Mas todos em uníssono constroem um mundo individual
que se unifica num único mundo, em que todos vivem consensualmente. Sistematicamente
viajo ao mundo onde vivi e observo os erros que todos cometem; os mesmos que eu
também cometi, e que, de certo modo, venho a este mundo saldar. Nessas viagens
verifico a falta de vontade das pessoas em serem únicas e verdadeiras na construção
das suas próprias vidas, só porque não querem deixar de viver em conformidade
com a sociedade.
A verdadeira vida está neste
mundo, onde cada um constrói a vida assente apenas em sentimentos e afectos.
Aqui não habita o ter, apenas reside o ser. Ninguém vive para impressionar,
especular ou insultar; vive-se para sermos únicos em conjunto. E em conjunto
somos o todo em que a sociedade do outro mundo acredita existir neste.
1 comentário:
:)
Brilhante!
Eu bem lhe quis dar a entender que não era boa ideia mudar de "mundo"... ;)
Seja bem vinda de novo ao mundo da "verdadeira vida", onde me encontro.
Aqui também há-de ser possível ser feliz sem ter de abdicar da personalidade, dos princípios e dos valores. Não vale a pena fazer-mo-nos doentes para tentar parecer normal numa sociedade cada vez mais doente.
Enviar um comentário