sexta-feira, 31 de dezembro de 2010


Acordei de um pesadelo? Não acordei? Estou viva? Devia estar! Terão sido as palpitações terríveis que me fez ter este pesadelo? Tenho certeza que estou a dormir ou num mundo destinado a pessoas que não deviam viver. Provavelmente não vivi, o coração deve ter estoirado, a vida entrou numa aceleração perigosa onde o pesadelo provocou uma paragem catastrófica. Não merecia morrer, mas também não merecia viver pressionada num coração que não cabia no lugar dele. O oxigénio não chegava aos pulmões e o sangue não chegava ao cérebro e aos órgãos que me alimentam a vida. Debatia-me num ambiente fechado, sem ar, sem luz e sem alimento. Continuei a debater-me, não era uma planta, precisava de mais e tentei viver… o coração não aguentou! Também não era uma máquina de surpresas, onde se insere a moeda e mecanicamente tudo funciona bem, desde que a energia seja devidamente fornecida. Se fosse realmente uma máquina, acho que a energia não estaria a ser recepcionada a 220V, provocaram uma descarga que queimou todo o sistema, terão que provavelmente efectuar uma substituição, mas terão que ter cuidado para seleccionar uma máquina sem cérebro ou coração. Porque quando racionalizava verificava que o coração apenas trabalhava a sangue, os sentimentos tinham-se esvaziado, não havia reciprocidade. O coração esvaziou-se, gastei tudo o que tinha para gastar, depois disso sobrou uma máquina fraca; uma descarga eléctrica provocada pela negligência de um utilizador que nunca leu o livro de instruções, e que resolveu brutalizar o modo de funcionamento, estoirando o meu sistema. A maioria dos utilizadores julga conhecer a tecnologia que possui, mas poucos a conhecem de facto. As pessoas deixam de ser inteligentes quando entram no campo da adivinhação e da suposição e quando fazem disso a sua verdade empírica. Acabou… não tenho mais arranjo, o fusível estoirou! Já não existe sentimentos, energia ou vida que me mantenha viva. Teria sido bem melhor se tivesse sido como queriam que fosse ou se tivesse trabalhado como queriam que trabalhasse; teria sofrido menos, ao invés disso fui eu própria. Agradeço a todos os que conheci e aos que não conheci, de alguma forma fizeram-me ver que merecia ser única. Os que realmente me conheciam, e que de certo modo lutaram para que me mantivesse viva, provaram que o amor e a amizade são o ingrediente fundamental numa vida; os que nunca me quiseram conhecer, que negligenciaram a minha maneira de ser, acabaram com o meu sofrimento, mas não acabam com a sua própria angústia se nunca na vida conhecerem ninguém. Lembrem-se do que Saint Exupery dizia pela voz de “O Principezinho”, “o essencial é invisível aos olhos”.

1 comentário:

Anónimo disse...

verdade: o essencial é mesmo invisível aos olhos!

gostei